Policiais acusados de envolvimento na morte de Genivaldo Santos são presos em SE
Três agentes deram entrada no Presídio Militar de Aracaju nesta sexta-feira (14); Santos morreu após abordagem em junho, preso em um porta-malas com dispositivo de fumaça
A Polícia Militar informou que William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento foram presos nesta sexta-feira (14) por suposto envolvimento na morte de Genivaldo Jesus Santos, em maio deste ano.
Os três fazem parte da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e deram entrada no Presídio Militar de Aracaju, em Sergipe, na tarde desta sexta. Os mandados de prisão foram cumpridos pela Polícia Federal pela manhã.
Na quinta-feira (13), a Justiça Federal em Sergipe decretou a prisão preventiva dos homens. Eles teriam participado da abordagem que resultou na morte de Genivaldo, no município de Umbaúba, em Sergipe.
O magistrado titular da 7ª Vara Federal de Sergipe — Subseção Judiciária de Estância –, Rafael Soares Souza, proferiu a decisão após representação do Ministério Público Federal em Sergipe. Além do pedido de prisão, o MPF requereu a denúncia dos agentes pelos crimes de abuso de autoridade, tortura e homicídio qualificado.
Segundo as autoridades, a custódia cautelar tem o objetivo de “garantir a ordem pública e instrução do processo”. Também hoje, foram realizados o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e a audiência de custódia, após a qual os réus seguiram para o complexo prisional.
A defesa dos acusados afirmou que teve acesso à decisão à tarde e entrará “com as medidas necessárias para combatê-la”.
A CNN entrou em contato com , a Polícia Federal em Sergipe e o Ministério Público Federal e aguarda retorno.
Relembre o caso
Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi morto durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal na cidade de Umbaúba, em Sergipe, em 25 de junho. Vídeos compartilhados em redes sociais mostram a viatura da PRF sendo usada como uma “câmara de gás” com a vítima presa no porta-malas.
O hoem sofria de distúrbios mentais, segundo relatos de familiares. O laudo inicial do Instituto Médico Legal confirmou o óbito por asfixia e insuficiência respiratória. As polícias Civil e Federal investigam o caso.
“Foi dada a ordem de parada, ele parou, botou a moto no descanso e atendeu todos os comandos. O policial pediu para ele levantar a camisa, ele fez e falou que estava com o remédio no bolso e com a receita médica indicando que ele tem problemas mentais, foi quando o policial chamou reforço”, relata Wallyson de Jesus, sobrinho de Genivaldo.
Segundo Wallyson, outros dois policiais chegaram e iniciaram o que o sobrinho chamou de “sessão de tortura.”
“Pegaram ele pelos braços e pelas pernas. Quiseram colocar algemas nos pés dele, mas não coube e pegaram uma fita lá dentro e amarraram nele. Começaram a pisar nele e depois de tudo isso ocorrido, eles pegaram meu tio, colocaram na viatura e colocaram uma granada daquela de gás”, relata o sobrinho da vítima.
As imagens mostram dois policiais segurando Genivaldo dentro da viatura, com as pernas para fora.
De acordo com o depoimento de Wallyson, os presentes continuavam dizendo aos policiais que Genivaldo tinha problemas de saúde.
“A viatura cheia de gás lacrimogêneo lá dentro e ele no porta malas, foi quando a população não aguentou que estava todo mundo vendo aquilo e começaram a gravar”, relata.
A Polícia Federal emitiu nota informando que “instaurou inquérito para apurar morte durante abordagem policial” e que diligências estão sendo feitas.
Segundo nota da PRF, o “homem de 38 anos, resistiu ativamente a uma abordagem (…) Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo.” A PRF também afirma que abriu processo disciplinar para investigar a conduta dos policiais.
Ainda de acordo com o comunicado do órgão, “durante o deslocamento, o abordado veio a passar mal e socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito.”
*com informações de Júlia Vieira e Giulia Alecrim, da CNN
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